quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O quociente e a incógnita




"Às folhas tantas do livro de matemática,
um quociente apaixonou-se um dia doidamente por uma incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável e viu-a, do ápice à base.
Uma figura ímpar olhos rombóides, boca trapezóide,
corpo ortogonal, seios esferóides. Fez da sua uma vida paralela a dela até que se encontraram no infinito.
"Quem és tu?" - indagou ele com ânsia radical.
"Eu sou a soma dos quadrados dos catetos,
mas pode me chamar de hipotenusa".
E de falarem descobriram que eram o que, em aritmética,
corresponde a almas irmãs, primos entre-si.
E assim se amaram ao quadrado da velocidade da luz
numa sexta potenciação traçando ao sabor do momento e da paixão retas,
curvas, círculos e linhas senoidais.
Nos jardins da quarta dimensão,
escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidianas
e os exegetas do universo finito.
Romperam convenções Newtonianas e Pitagóricas e, enfim,
resolveram se casar, constituir um lar mais que um lar,
uma perpendicular.
Convidaram os padrinhos:
o poliedro e a bissetriz, e fizeram os planos, equações e diagramas para o futuro,
sonhando com uma felicicdade integral e diferencial.
E se casaram e tiveram uma secante e três cones muito engraçadinhos
e foram felizes até aquele dia em que tudo, afinal, vira monotonia.
Foi então que surgiu o máximo divisor comum,
frequentador de círculos concêntricos viciosos,
ofereceu-lhe,
a ela, uma grandeza absoluta e reduziu-a a um denominador comum.
Ele, quociente percebeu que com ela não formava mais um todo, uma unidade.
Era o triângulo tanto chamado amoroso desse problema,
ele era a fração mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a relatividade
e tudo que era espúrio passou a ser moralidade,
como, aliás, em qualquer Sociedade ..."

Millôr Fernandes

AULA SOBRE FUNÇÃO DE 2º GRAU

Parece que foi hoje ...

Ilydio Pereira de Sá

O texto a seguir, escrito em 1964, pelo emérito professor carioca Júlio César de Mello em Souza, conhecido mundialmente como Malba Tahan, foi extraído do seu livro “O professor e a vida moderna”.

Acredito que, embora escrito há quase 50 anos, ainda esteja muito atual e que pode ser usado de forma bem proveitosa numa reunião de professores, num evento qualquer de educação ou de educação matemática, já que pode ser usado como excelente material para discussões sobre a prática pedagógica do professor de matemática em todos os níveis de ensino.

Ao final, coloco duas sugestões de questões que utilizei com meus alunos do terceiro ano do ensino médio. É claro que, pela importância do tema, muitas outras questões podem ser colocadas a partir dele.